domingo, 18 de outubro de 2020

Nossas histórias


"Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me diz que somos feitos de histórias." Eduardo Galeano


sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 Sobre escritores e editores


O trabalho dos editores é pouco conhecido. Eles descobrem talentos e dão toques de mestre nos escritores. Estou convencida que os editores têm razão. Quase sempre!

O filme “O mestre dos gênios” mostra o trabalho do editor de livros Max Perkins, interpretado por Colin Firth. Ele descobriu grandes autores da literatura, como F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e Thomas Wolfe. Assista na Netflix!

Podemos conversar sobre o trabalho dos editores durante as aulas.

 

 

 Novelas, minisséries e crônicas.... 

Walcyr Carrasco ensina a escrever com humor.



Truque no assaltante

Juro que é verdade!  Tenho uma amiga especializada em se livrar de assaltantes. Sua arma: a imaginação.

Maria Adelaide é escritora. Madura, de aparência frágil, é o tipo de vítima ideal. Foi assaltada várias vezes. Acabou desenvolvendo uma estratégia. Certa vez andava pela rua do Curtume, vindo de um encontro profissional. Notou que um rapaz vinha em sua direção, a mão enfiada dentro do casaco. Prestes a sacar a arma. Olhou em torno. Ninguém! Não teve dúvidas. Saltitou em direção a ele, com um sorriso de orelha a orelha!

— Você! Finalmente nos encontramos! Como vai sua mãe?

Faz tanto tempo que não nos vemos!
O rapaz hesitou, em dúvida. Maria Adelaide continuou, rápida.

— E a Cidinha, tem visto a Cidinha? Como é que ela está?
— Bem…
Abraçou o rapaz.

— Agora eu preciso ir. Mas vê se não some, hein?! Telefona! Fugiu em
direção ao carro, deixando o ladrão parado, com ar de dúvida.

Na vez seguinte, saía com uma amiga da Pinacoteca do Estado, na avenida Tiradentes. Lá adiante viu um trombadinha se aproximando. Não teve dúvidas. Virou-se para a amiga e começou a brigar, aos gritos!

— Você nunca podia ter feito isso comigo! Ah, mas você não presta. O
que você fez não tem perdão. Você vai me pagar!
A amiga arregalou os olhos, chocada com a gritaria, cada vez maior.
O trombadinha aproximou-se, já enfiando a mão no bolso. Adelaide gritou
ainda mais. Parecia prestes a partir para as vias de fato.

— Não me responda! Fica quieta, você não tem o direito de falar!
O ladrão ainda tentou estabelecer contato:
— Dona… dona…
— Fica quieto você também! — gritou para o assaltante.
— Você não sabe o que ela me fez.
— Mas o que foi que ela aprontou? .
— Ela acabou com a minha vida!
O possível assaltante pensou um segundo e aconselhou:
— Mata ela.
— É o que eu devia fazer! Acabar com você, ouviu? — vociferou
Adelaide para a amiga.

O rapaz foi embora — possivelmente para não ser envolvido em crimes
maiores.

Quando estava longe, a amiga recuperou a fala.

— Que eu fiz?
— Nada. Eu vi que o ladrão vinha em nossa direção. A rua estava vazia e
aprontei um escândalo. Assim, ele desistiu. Vamos embora?
Partiu sorridente, com a amiga cambaleante.
A última vez foi em uma floricultura da avenida dos Bandeirantes. Acabava
de comprar um buquê. O rapaz entrou de arma em punho.

— Passa a carteira!

- E você, dá o dinheiro! — gritou para a vendedora.
A caixa ficou paralisada.

Adelaide respondeu, fria.
— Estou só com cartões de crédito, sem dinheiro. Não adianta você levar
minha carteira, não vai ter lucro nenhum.
— Não quero nem saber! Passa a grana.
Adelaide voltou-se furiosa e interpelou a caixa.

— Não ouviu o que ele disse? Se ele está roubando, é por que tem
necessidade e precisa do dinheiro. Passa a grana!
O assaltante fez que sim, feliz pela compreensão.
— É isso mesmo! Se eu assalto é porque preciso!
Levou todo o dinheiro da floricultura. Adelaide continuou incólume, com a
bolsa fechada. Seu segredo:
— Preciso de um segundo para pensar. Se sou pega de surpresa, entrego
tudo. Mas quando tenho chance… invento uma história.
A imaginação ainda é a melhor arma para enfrentar as dificuldades da vida
moderna!

 Texto: Walcir Carrasco - Imagem da internet  (sem crédito)

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

 Escrever por quê? Para quê? Para quem?

Cada vez mais é  preciso escrever:

trabalhos para faculdade, relatórios para  empresas, memórias, ficção, postagens  nas redes sociais.... 

O que você precisa e quer escrever? Para quem?

O que motivou você a se inscrever num curso de escrita?

Vamos conversar sobre isso em nossa primeira aula.

Até lá, vou fazendo algumas postagens por aqui.

E para te inspirar, posto a foto da musa Clarice Lispector. 



Imagem: Badaró Braga/ O Cruzeiro/ Acervo do Jornal Estado de Minas

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Texto acadêmico

Passei o dia me dedicando ao texto de minha dissertação de mestrado. 
Uma outra  escrita e bem diferente da que estou acostumada.  
Mas é sempre uma aprendizagem e tenho feito grandes descobertas.

Quais? Grandes autores das ciências humanas e sociais escrevem lindamente. 
Hoje, por exemplo, estou encantada com a escrita de Peter Burke, um historiador inglês.

Na semana passada, todos os meus aplausos foram para o sociólogo Maurice Halbwachs (1877-1945). Ele lançou o  conceito de Memória coletiva, no início do século XX. 
Para ele, as memórias individuais incluem as lembranças de outras pessoas. Como? Veja o que ele escreveu:

“A primeira vez que fui a Londres, diante de Saint Paul ou Mansion House [...], muitas impressões lembravam-me os romances de Dickens lidos em minha infância: eu passeava então com Dickens” (HALBWACHS, 1990).

Segundo Halbwachs (1990), em pensamento nunca estamos sós, evocamos os outros. A memória humana só pode funcionar dentro de um contexto coletivo e é sempre seletiva.

Ah! Se quiser ler uma entrevista com Peter Burke, segue o link. https://epoca.globo.com/educacao/noticia/2017/05/peter-burke-voce-nao-sabe-mais-que-seus-ancestrais.html

Cada vez mais estou convencida de que para escrever textos (acadêmicos, literários, jornalísticos etc.) precisamos de ler, ler e ler. De tudo. Leitura é um grande alimento para a escrita.


HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4005834/mod_resource/content/1/48811146-Maurice-Halbwachs-A-Memoria-Coletiva.pdf.. Acesso em: 2 out. 2020.

domingo, 27 de setembro de 2020

 amor

Escrever é cortar 


Gosto de frases curtas, de tom coloquial.

Gosto de textos limpinhos, sem penduricalhos, sem enfeites.

Gosto de palavras certeiras e de frases harmoniosas.

Quando comecei a escrever minhas primeiras matérias jornalísticas,

passava um bom tempo cortando palavras, tirando excessos, para que meu texto ficasse enxuto.

Na verdade, nunca parei de fazer esse exercício.

''Escrever é cortar". Esta frase é atribuída a Drummond, mas alguns dizem que não é dele.

O que importa é que essa frase encerra uma verdade. 

Imagem: Mulher escrevendo. Pablo Picasso